domingo, 24 de junho de 2007

Eu é que sou o presidente da junta

Nos tempos em que eu era estudante do ensino secundário eram frequentes os “trabalhos de grupo”. Já vão perceber o porquê da utilização das aspas.
Nunca gostei desse tipo de tarefas. Sempre fui boa aluna, aplicada mas nada participativa nas aulas. Uma voraz timidez impedia-me de dar uma resposta numa aula mesmo que a soubesse e atrofiava as minhas relações com os colegas. Acrescente-se a isto uma dose de individualismo e a mania de controlar tudo e temos então a aluna imperfeita para os “trabalhos de grupo”.
Desde cedo aprendi a contornar a situação. Tinha uma amiga com quem trabalhava bem e então passei a adoptar a seguinte estratégia: além de nós duas convidava para o grupo os dois alunos mais preguiçosos da turma. Para eles era uma beleza porque tinham quem fizesse o trabalho por eles; para nós era garantia de total controlo da situação.
Não se assustem. O tópico de hoje não é a minha bizarra adolescência. Lembrei-me destes acontecimentos quando hoje lia no jornal “Público” a notícia do acordo entre os 27 da União Europeia quanto ao novo tratado. Porquê? Porque naquela foto na página dois com Sócrates ao centro o nosso primeiro esboça um sorriso que parece o sorriso desses meus colegas quando recebíamos a nota pelo trabalho: um sorriso de quem não fez nada mas se põe na primeira fila para receber os louros. Esta mesquinhice com a ênfase colocada no facto de o tratado definitivo vir a ser redigido durante a presidência portuguesa e vir, por isso, a chamar-se Tratado de Lisboa parece-me provinciana. E, a ver pela apregoada complexidade do tratado, tal como os meus colegas de grupo, Sócrates não fará ideia do que dele consta.
Ah e já agora a Polónia: aquilo é como os adolescentes, é só tamanho!

sexta-feira, 22 de junho de 2007

As white as it gets

Tenho amigas que me dizem que têm bronzeado da marca Algarve. Outras revelam que é da marca Canárias ou República Dominicana. O meu bronzeado não é de marca. É produto branco.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Pastoral automobilística

Há coisas na vida que me irritam. Não, não falo só no anúncio da TvCabo das meninas “trrrim trrrim”. Falo daquelas pessoas que, não tendo mais que fazer, se dedicam a dissertar sobre assuntos dos quais não percebem pevide. Assim como eu quando começo a falar sobre confecção de alimentos, vulgo, como se diz...hmm...cozinhar!
Vem isto a propósito do mais recente “hobby” de Sua Santidade o Papa Bento XVI. Ali mais ou menos entre uma beatificação e a nomeação de um cardeal, deve o Santo Padre ter-se deparado com algum tempo disponível e, vai daí, resolve que deve competir ao Vaticano instituir os 10 mandamentos da condução automóvel. Calculo que isto se deve ao facto de não ter por perto um livrinho de “Sudoku” com que se entreter.
A notícia consta da edição “online” de hoje do Times para quem não acredita. Para quem não se quer dar ao trabalho de ler, eu conto.
Trata-se de um documento de 58 (!) páginas intitulado “Guidelines for Pastoral Care of the Road” onde se aconselha os automobilistas a conter a sua raiva na estrada, a respeitar os direitos dos peões e a fazer o sinal da cruz antes de arrancar. Esta última, se calhar, tendo em conta como se conduz em Portugal, é capaz de não ser má ideia. Recomenda-se ainda que não se usem os automóveis como forma de exteriorização de riqueza, que dará origem à inveja alheia, e a não utilização de gestos rudes. Aqui calculo que se refiram à utilização do dedo médio. Já quanto à utilização do indicador ou mindinho para propósitos como coçar o cérebro não há qualquer referência. Lamentavelmente.
Convidado a comentar o assunto, o cardeal Renato Martino explicou que “os carros tendem a trazer ao de cima o lado primitivo dos seres humanos”. Ora eu não podia discordar mais. Como mulher, recordo que as minhas primitivas tinham como funções exclusivas cozinhar e tratar da criançada. Como condutora que sou esse meu lado nunca vem ao de cima: pego no carro para largar os miúdos na creche e para ir comprar comida feita.
Quanto ao mandamento n° 5, segundo o qual não devem os carros constituir uma ocasião para o pecado, explica o mesmo cardeal que tal se refere à utilização do veículo para engatar (o termo é meu) prostitutas. Suspiram de alívio todos aqueles cujos automóveis são oportunidades de pecado com as respectivas namoradas ou vizinhas, nomeadamente no banco de trás.
Quanto a vocês não sei, mas a mim irrita-me um bocadinho ter de acatar conselhos de alguém que não conduz, anda num carro blindado que não dá mais de 20 km/hora e que vive encravado nas muralhas do Vaticano. Venha Sua Santidade passar uma manhã, só uma basta, no IC 19 e depois combinamos aí um cafezinho para discutir o assunto.
Boas conduções!

terça-feira, 19 de junho de 2007

Do Portugal Profundo

Ontem, numa daquelas comuns conversas de circunstância, discuti com, não o que chamaria uma amiga, mas uma conhecida, o estado de Portugal. Dois apartes já para começar: a necessidade de especificar que se trata apenas de uma conhecida, primeiro; o estado de Portugal, depois.
Se especifico o estatuto da minha interlocutora é para deixar claro que qualquer que seja a minha relação com as pessoas com quem falo em nenhuma circunstância me abstenho de dizer o que penso. Não guardo as minhas posições polémicas para as partilhar apenas com os amigos enclausurada entre quatro paredes e não deixo a opinião de vão de escada para os meramente conhecidos. Quanto ao facto de o tópico ser o estado de Portugal, lamento a falta de originalidade.
Nunca em outro momento da minha vida me senti tão desiludida com o meu país. Muitos dirão que já aqui se viveu muito pior. Admito que sim. Mas nasci em 1973. Não tenho por isso qualquer experiência pessoal com o Portugal da ditadura e só em finais dos anos 80 terei começado a ter uma visão crítica sobre o que me rodeava. Com a entrada na então chamada CEE acreditei que apanharíamos o comboio do progresso. Ainda que tivessemos de viajar algum tempo na última carruagem poucas vezes duvidei que chegaríamos à primeira classe. Não preciso fazer o resumo do que daí para a frente aconteceu. Ou melhor, do que não aconteceu. Não aconteceu o Portugal que eu pensava ser possível. Pelo contrário, aconteceu chegar a 2006 e este revelar-se o ano com a maior perda do poder de compra nos últimos 21 anos.
Mas isto são apenas números e estes, já se sabe, serão sempre fáceis de contornar, quanto mais não seja acusando quem os apresenta de não saber fazer as contas.
O meu desabafo de hoje vem na sequência de alguns acontecimentos na cena nacional que me inquietam e que passa por este clima “pidesco” que estamos a viver. Poderão pensar que chamar-lhe “pidesco” é exagero mas não sei se teremos tido, nos anos recentes, outro momento tão crítico no que à liberdade de expressão diz respeito. Aquilo que temos visto faz o episódio do contraditório de Rui Silva parecer brincadeira de miúdos.
Mas não é da censura...perdão, auto-regulação, dos meios de comunicação social que falo. Esse fenómeno não é novo nem exclusivo nosso. Veja-se o caso recente com o Presidente da República em França, Nicolas Sarkozy. As famosas imagens do presidente francês após o encontro com Vladimir Putin apresentando-se, digamos, atordoado, nunca passaram nas televisões francesas a pedido do Eliseu. Porém, temos hoje ao nosso dispor um meio, a internet, por enquanto livre, que faz com que seja mais rigoroso o escrutínio, neste caso, dos políticos. E graças ao YouTube não só viram os franceses como vimos todos nós. Pelo menos até ao dia de hoje já viram 3.218.783 de internautas...
O motivo da minha indignação, que se veio juntar à inquietação já suscitda pelo caso Charrua, é a notícia de que António Balbino Caldeira, autor do blog “Do Portugal Profundo”, foi convocado para prestar declarações, como arguido, no caso “Dossier Sócrates”. Para os menos bem informados lembro que Caldeira, professor do Instituto Politécnico de Santarém, foi o primeiro a suscitar no seu blog dúvidas sobre o percurso académico e utilização do título de engenheiro por parte do primeiro ministro. A convocação foi feita primeiro por telefone e, depois, por fax, algo que parece suscitar algumas dúvidas quanto à sua legalidade. Acrescente-se a instauração de processos disciplinares após denúncia por sms e temos a optimização dos recursos tecnológicos por parte dos funcionários do estado.
É importante não esquecer que “Do Portugal Profundo” é a criação de um homem de coragem. Não só por ter trazido para a esfera pública uma questão que, ao contrário de muitos, acho relevante, mas sobretudo porque nunca se escudou atrás do anonimato. A via mais fácil teria sido a criação de um outro blog, anónimo, para tratar este caso. Não foi o que aconteceu e Caldeira só peca por ingenuidade, primeiro por acreditar que vivia num país livre e, depois, por pensar que a colocação de um disclaimer o colocaria ao abrigo de consequências judiciais.
Muitos dirão que tudo não passa de manobras de intimidação. Mas que um governo democraticamente eleito recorra a manobras de intimidação é aquilo a que eu chamo uma “chavização” da sociedade. Verdade lhes seja feita: eles avisaram, na pessoa de Jorge Coelho, que “quem se mete com o PS, leva”. Estúpidos somos nós que não os levámos a sério.
E, já agora, eu estarei metida em sarilhos por causa DESTE post???????????,



P.S. Só há pouco descobri que o António Balbino Caldeira é ISCSPiano, como eu (ainda na Junqueira). Como se fossem precisos mais motivos para me solidarizar com ele...

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Alcochete

Por agora até se pode chamar Alcochete, mas a ver pelos financiadores do estudo, se se vier a concretizar esta opção, o novo aeroporto chamar-se-à Aeroporto Internacional AllComCheta.

sábado, 16 de junho de 2007

E não ter sido por sms foi uma sorte...



Esta é a t-shirt para usar no dia em que o António Balbino "do portugal profundo" Caldeira for a tribunal. Ainda me vou lixar por causa disto...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Como sabemos

Sabemos que estamos a ficar velhas quando fazemos anos a uma sexta e na terça seguinte vamos para as marchas festejar o aniversário de uma amiga que tem idade para ser nossa filha.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Compras na feira

Para os que defendem que desde a abertura da FNAC em Portugal a Feira do Livro não se justifica por ter oferta e preços idênticos, é só para dizer que comprei todos os livros abaixo do preço praticado pela FNAC. Foram 24,00€ de poupança no total.
Gosto da feira e gosto da sua localização. Não concordo com os que defendem que a feira deve ser uma festa: soa a barulho e no meio de livros não é o que pretendo.
Este ano inovei porque fui sozinha. O atractivo é que prestamos mais atenção às conversas alheias (é feio, mas é giro...) o que significa divertimento acrescido. A sensação com que fiquei é que quem ali se desloca aos pares troca entre si conversas, de preferência sobre livros, e solta assim uns “bitaites” na esperança de que um qualquer editor esteja escondido debaixo de algum estrado e o convide a seguir para escrever qualquer coisinha.
Aqui estão as minhas compras:

























E ainda os "Contos de Dorothy Parker". Boas leituras!



sexta-feira, 8 de junho de 2007

Oh de lei de lei I ú…

Antes de sair de casa para ir até à feira do livro, deixo-vos com a prenda de hoje que originou o post anterior. Uma t-shirt destas só assenta bem numa trintona. Agora vou até ao Parque Eduardo VII gastar uns euricos.

Muito obrigada



Este post tão madrugador é uma private joke que agora não tenho tempo de explicar. Já viram as horas que são?

quarta-feira, 6 de junho de 2007

GPS para a blogosfera, já

Ao cavalheiro ou senhora que veio parar a este blog “googlando” Euromilhões- quais os números que saem mais, tenho uma pergunta: descobriu?
Quanto a quem até aqui chegou procurando por “aventuras sexuais nas férias” lamento, mas raramente, mesmo muito raramente, vou de férias!

Afundanço

Para os que desvalorizam os exames de inglês, que isto lhes sirva de exemplo:

Prometo que é o último

Atendendo aos últimos desenvolvimentos, e a pensar nos mais incautos, a DGV decidiu colocar nova sinalização vertical, em ambos os sentidos, na ponte 25 de Abril.
Assim passaremos a encontrar no sentido norte-sul este sinal:





E este no sentido sul-norte:


domingo, 3 de junho de 2007

Oh sô guarda, saia da frente

Alguém se importa de comunicar ao sr. Costa, que é candidato ao atoleiro de Lisboa, que isso de desmistificar a ideia de que não se pode andar de bicicleta em Lisboa só aconteceu porque os batedores da GNR iam à frente a “desmistificar” o caminho?

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Dia Mundial da Criança

Já aqui partilhei convosco o pouco apreço que tenho pelos dias disto e daquilo e mais não sei quê. Mas hoje é Dia Mundial da Criança e acho que compreenderão que eu passe por cima dos meus caprichos e decore aqui o estaminé com um quadro novo, pintadinho por mim:



Mas como tudo na vida deve ser analisado sob várias perspectivas aqui vai outra, ligeiramente diferente, mas que não deixa de ser a de muitos aqueles que, como eu, ainda não cederam à maternidade/paternidade:




Dia Feliz para todos!