Nos tempos em que eu era estudante do ensino secundário eram frequentes os “trabalhos de grupo”. Já vão perceber o porquê da utilização das aspas.
Nunca gostei desse tipo de tarefas. Sempre fui boa aluna, aplicada mas nada participativa nas aulas. Uma voraz timidez impedia-me de dar uma resposta numa aula mesmo que a soubesse e atrofiava as minhas relações com os colegas. Acrescente-se a isto uma dose de individualismo e a mania de controlar tudo e temos então a aluna imperfeita para os “trabalhos de grupo”.
Desde cedo aprendi a contornar a situação. Tinha uma amiga com quem trabalhava bem e então passei a adoptar a seguinte estratégia: além de nós duas convidava para o grupo os dois alunos mais preguiçosos da turma. Para eles era uma beleza porque tinham quem fizesse o trabalho por eles; para nós era garantia de total controlo da situação.
Não se assustem. O tópico de hoje não é a minha bizarra adolescência. Lembrei-me destes acontecimentos quando hoje lia no jornal “Público” a notícia do acordo entre os 27 da União Europeia quanto ao novo tratado. Porquê? Porque naquela foto na página dois com Sócrates ao centro o nosso primeiro esboça um sorriso que parece o sorriso desses meus colegas quando recebíamos a nota pelo trabalho: um sorriso de quem não fez nada mas se põe na primeira fila para receber os louros. Esta mesquinhice com a ênfase colocada no facto de o tratado definitivo vir a ser redigido durante a presidência portuguesa e vir, por isso, a chamar-se Tratado de Lisboa parece-me provinciana. E, a ver pela apregoada complexidade do tratado, tal como os meus colegas de grupo, Sócrates não fará ideia do que dele consta.
Ah e já agora a Polónia: aquilo é como os adolescentes, é só tamanho!
Nunca gostei desse tipo de tarefas. Sempre fui boa aluna, aplicada mas nada participativa nas aulas. Uma voraz timidez impedia-me de dar uma resposta numa aula mesmo que a soubesse e atrofiava as minhas relações com os colegas. Acrescente-se a isto uma dose de individualismo e a mania de controlar tudo e temos então a aluna imperfeita para os “trabalhos de grupo”.
Desde cedo aprendi a contornar a situação. Tinha uma amiga com quem trabalhava bem e então passei a adoptar a seguinte estratégia: além de nós duas convidava para o grupo os dois alunos mais preguiçosos da turma. Para eles era uma beleza porque tinham quem fizesse o trabalho por eles; para nós era garantia de total controlo da situação.
Não se assustem. O tópico de hoje não é a minha bizarra adolescência. Lembrei-me destes acontecimentos quando hoje lia no jornal “Público” a notícia do acordo entre os 27 da União Europeia quanto ao novo tratado. Porquê? Porque naquela foto na página dois com Sócrates ao centro o nosso primeiro esboça um sorriso que parece o sorriso desses meus colegas quando recebíamos a nota pelo trabalho: um sorriso de quem não fez nada mas se põe na primeira fila para receber os louros. Esta mesquinhice com a ênfase colocada no facto de o tratado definitivo vir a ser redigido durante a presidência portuguesa e vir, por isso, a chamar-se Tratado de Lisboa parece-me provinciana. E, a ver pela apregoada complexidade do tratado, tal como os meus colegas de grupo, Sócrates não fará ideia do que dele consta.
Ah e já agora a Polónia: aquilo é como os adolescentes, é só tamanho!