domingo, 24 de junho de 2007

Eu é que sou o presidente da junta

Nos tempos em que eu era estudante do ensino secundário eram frequentes os “trabalhos de grupo”. Já vão perceber o porquê da utilização das aspas.
Nunca gostei desse tipo de tarefas. Sempre fui boa aluna, aplicada mas nada participativa nas aulas. Uma voraz timidez impedia-me de dar uma resposta numa aula mesmo que a soubesse e atrofiava as minhas relações com os colegas. Acrescente-se a isto uma dose de individualismo e a mania de controlar tudo e temos então a aluna imperfeita para os “trabalhos de grupo”.
Desde cedo aprendi a contornar a situação. Tinha uma amiga com quem trabalhava bem e então passei a adoptar a seguinte estratégia: além de nós duas convidava para o grupo os dois alunos mais preguiçosos da turma. Para eles era uma beleza porque tinham quem fizesse o trabalho por eles; para nós era garantia de total controlo da situação.
Não se assustem. O tópico de hoje não é a minha bizarra adolescência. Lembrei-me destes acontecimentos quando hoje lia no jornal “Público” a notícia do acordo entre os 27 da União Europeia quanto ao novo tratado. Porquê? Porque naquela foto na página dois com Sócrates ao centro o nosso primeiro esboça um sorriso que parece o sorriso desses meus colegas quando recebíamos a nota pelo trabalho: um sorriso de quem não fez nada mas se põe na primeira fila para receber os louros. Esta mesquinhice com a ênfase colocada no facto de o tratado definitivo vir a ser redigido durante a presidência portuguesa e vir, por isso, a chamar-se Tratado de Lisboa parece-me provinciana. E, a ver pela apregoada complexidade do tratado, tal como os meus colegas de grupo, Sócrates não fará ideia do que dele consta.
Ah e já agora a Polónia: aquilo é como os adolescentes, é só tamanho!

5 comentários:

Anónimo disse...

Friend
There's not such thing as team work. A meu ver quando se juntam 2 ou mais pessoas gera-se automaticamente o caos e para se restaurar a ordem é necessário recorrer uma ditadura de ideias, a uma imposição de regras, que é sempre feita pelos mais fortes e mais inteligentes usando argumentos altruístas e democráticos. Resumindo e concluindo nestas coisas de equipa há sempre os que fazem e os que deixam fazer, sabendo-se sempre que quem fica à sombra da bananeira acaba por ser tramado, primeiro porque não retira nada daquilo que foi produzido e depois porque celebra uma vitória que não é sua e que por isso desprovida de conteúdo. É claro que isso não incomoda minimamente o preguiçoso que se sente feliz por ter um minuto de fama apesar de depois passar resto da vida remetido à mais completa insignificância.
Este é o retrato do nosso Portugal português!

Laurentina disse...

Nininha , quando tiveres tempo vai á minha palhota buscar o teu prémio bem merecido.
Beijão grande

Anónimo disse...

Eu quero um autografo ;-)
Ja viste que pelo que parece tens leitores assiduos no Brasil??

Jokas enormes,

Laurentina disse...

Nit...além do prémio merecido que tens lá na minha palhota e que deves levantar...há tb um presente para ser desembrulhado.

Boa semana
beijão grande

s.ibéria disse...

Um grande olá para os meus visitantes em geral e comentadores em particular. Nunca tive o estaminé fechado tanto tempo mas é bom ver que enquanto aqui não andei alguém olhou por isto.
Amiga z, não é fácil trabalhar em equipa mas acredito que é bem mais produtivo. Então quando a criatividade é necessária, acredito que nada é melhor que umas sessões de “brainstorming”. O problema vem depois: “ essa ideia é minha”!
Laurentina, é só generosidade que vem desses lados. Obrigada pelo prémio e vou tratar do assunto o mais brevemente possivel. Ah e já fui ver de que embrulho se trata. Vamos lá ver se a memória não me vai tramar...
Okelani, esses brasileiros aparecem aí porque devem ter caido pela escada abaixo e vieram dar aqui. Duvido que sejam leitores.
Beijinhos para todos.