sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Valha-nos Deus, estamos todos lixados

Quando aqui coloco um vídeo um dos critérios é que não seja longo. Não é, contudo, o caso de hoje. Estes dois vídeos, no seu conjunto, contam mais de 13 minutos. Mas são treze minutos que devem ser vistos e que dificilmente esqueceremos. Vi a reportagem no “Jornal da Noite” da SIC mas admito que voltei a vê-la aqui. Como se quisesse ter a certeza que o que tinha ouvido a primeira vez era real.
Para quem não sabe do que se trata esta reportagem passou ontem à noite e reproduz uma chamada telefónica para o INEM a comunicar a queda de um homem de 44 anos pelas escadas abaixo. Mas vejam e ouçam. No primeiro video temos a conversa entre a operadora do INEM e o familiar da vítima. No segundo, entre essa mesma operadora e o bombeiro de Favaios e também o de Alijó.

Isto acontece na mesma semana em que um idoso morreu após uma queda de uma maca enquanto aguardava na urgência do hospital de Aveiro. Mas estes são os casos que chegam à comunicação social. Muitos outros passam despercebidos.
Há cerca de duas semanas estive doente e, incapaz que me sentia de conduzir, chamei os bombeiros. Felizmente não moro em Favaios e dos bombeiros não me queixo. Pelo contrário, aqui fica um muito obrigada ao bombeiro que, perante os “valores malucos” (bombeiro dixit) do meu ritmo cardíaco, me levou directamente ao hospital sem passar pelo centro de saúde. Chegada ao hospital Amadora-Sintra fui à triagem e dizem-me que a minha temperatura e a minha idade não justifica a taquicardia. Como tal precisava fazer um ECG “já”. Foi-me atribuída a bolinha laranja que, de acordo com o sistema de triagem de Manchester, é dada aos casos urgentes e que supostamente não devem demorar mais de 10 minutos a ser avaliados pelo médico. Para resumir posso dizer-vos que aguardei mais de meia hora na sala de espera e só fui socorrida ao fim dessa meia hora porque desmaiei. Felizmente não era nada de grave mas, e se fosse?
Este vídeo ilustra bem aquilo a que estamos sujeitos quando necessitamos de cuidados médicos. Aquilo e a quem porque até podemos manter todas as urgências deste país abertas que enquanto estivermos dependentes da incompetência e da falta de formação de prestadores de cuidados, como este bombeiro, só mesmo Deus para nos valer.


P.S. Acabo de ouvir que a família do falecido quer processar o INEM. Se assim é, porque não processar todos seguindo a ordem dos acontecimentos e começar logo pelo irmão da vítima. E não se esqueçam do bombeiro.

1 comentário:

Anónimo disse...

valha-nos Deus... sem mais comentarios.

Esse país é uma anedota!!!!