quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Encontr(ã)o conventual

Gosto de silêncio. Preciso de silêncio. Silêncio é, no entanto, o que menos tenho na minha vida. Não, esperem, o que menos tenho é dinheiro, mas vou deixar o peditório para outro dia.
Esta minha busca pela tranquilidade tem sido infrutífera. De tal forma que comentava há dias com uma amiga que iniciou uma viagem espiritual que a única solução que eu encontrava era entrar temporariamente num convento. Assim como se fosse uma espécie de SPA não para o corpo mas para o espírito e com um bocadinho mais de roupa. Garanto-vos que se houvesse por aí um convento com ligação de banda larga eu já teria enviado um e-mail a pedir às manas que me albergassem aí por uns quinze dias. Bastava que me providenciassem uma cela com uma cama e um candeeiro de cabeceira, decoração aliás que me faria sentir como se estivesse no meu quarto cá em casa. Com a vantagem de não ter de ouvir a minha mãe relatar cada movimento que faz (que bela professora de ginástica teria dado...) nem a dona B. a gritar pelo Hugo na rua. Sim, o Hugo ainda me atormenta os dias...
Convencida que estava desta quase decisão leio uma notícia no Times intitulada “Convent shut down after unholy brawl”. Reza (how appropriate...) o artigo que o Vaticano se viu obrigado a encerrar um convento em Itália depois das três freiras residentes se terem envolvido numa pequena rixa. Ao que parece as duas subordinadas fartaram-se do autoritarismo da octagenária Madre Superiora e depois de muito analisarem o sexto mandamento “não matarás" concluiram que este não dizia nada sobre arranhadelas e encontrões. Perante uma reconciliação que se revelou impossível as instigadoras da violência mudaram-se para outro convento enquanto a Madre Superiora, instalada vai para 45 anos, decidiu barricar-se.
Calculo que isto não seja prática conventual corrente. Ainda assim prefiro não arriscar e procurar o tão almejado silêncio noutras paragens. É que para receber umas palmadas só mesmo de uma sexagenária que tenho cá em casa. Mas ela já se deixou disso vai para mais de 25 anos.

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