terça-feira, 17 de abril de 2007

Eu fico assim sem vocês

Após um longo período sem férias, finalmente chegaram. 9 dias de paz, família e muito sol com as montanhas de neve em pano de fundo. 9 dias intensos. E uma despedida ainda mais intensa. É pedra de toque da minha vida culminar os bons momentos a dizer “até um dia”.
Hoje não me apetecia postar. Ainda não me apetece postar. Estou de ressaca ainda. Ressaca de emoções. Destas percebo eu.
Só saem frases curtas. Cada frase que escrevo é interrompida pelo limpar das lágrimas. As férias foram boas. Muito boas. Mas ela ficou a chorar no aeroporto. A chorar muito. Ela diz que está triste porque a titi e a vóvó foram embora. E quer que a casa da titi e da vóvó fique ao pé da casa dela. Se eu que tenho 33 anos ainda não percebo porque a vida afasta para longe aqueles de quem gosto, como pode ela, que ainda nem chegou aos 4 anos, perceber?
Como pode ela perceber que depois de uma intensa semana de brincar às escondidas, a fugir ao dragão e a passear o Luminu agora tenha de esperar alguns meses para poder repetir as brincadeiras? E os “piquininos ovinhos” de chocolate que todos os dias pareciam cair das árvores em vez das pinhas? E como explicar-lhe que não há no mundo webcam que consiga satisfazer a sua vontade: dar-me a mão?
Um intenso e caloroso abraço para todos aqueles que a vida levou para longe de mim. Deixo-vos com a letra da canção de Adriana Calcanhoto que aqui na família é conhecida como a “canção da titi”. Agora, se não se importam, vou ali para um canto chorar mais um bocadinho.

Avião sem asa, fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola,
Piu-piu sem Frajola
Sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim

Amor sem beijinho
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço,
Namoro sem amasso
Sou eu assim sem você

Tô louca pra te ver chegar
Tô louca pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas
Pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

Por quê? Por quê?

Neném sem chupeta
Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada
Queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero em todo o instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

5 comentários:

Anónimo disse...

Olá amiga, que bom regressares... embora eu perceba muito do que é essa tristeza.. Sabes, ao longo da vida vais criando laços, mas também fui cortando laços, e como custa! Sempre desejei ter por perto todos de quem gosto, e tarde percebi que isso não é possível sabe lá Deus porquê, porquê cá os terráqueos apenas dizem "porque tem que ser, cada um tem que seguir a sua vida" Porque não podemos nós viver numa sala comum? Porque fico sem resposta, deixo-te apenas mil beijos c td o carinho... e se ajuda perceber que também eu muitas vezes senti isso, aqui fica a minha amizade! Beijos. Rick

Anónimo disse...

Foram necessários longos minutos para conseguir chegar ao fim do texto. As malditas lágrimas omnipresentes acabam sempre por nos dominar apesar dos 20 anos passados.

Que me perdoem aqueles que muito amo pela decisão que tomei em 1987.

Há 20 anos e 3 meses que pago muito cara a necessidade de espaço e oxigénio que Portugal não me proporcionou!

ADORO-VOS e as SAUDADES (escondidas) são muitas!

s.ibéria disse...

Rick, muito obrigada pelas palavras de conforto e pela tua amizade. Tu que também fazes parte do grupo daqueles que foram (voltaram) para longe. E acredita que me lembrei muito de ti nestas férias porque sabendo como aprecias viajar sei que terias gostado de estar ali. E se é verdade que faz parte do crescimento saber lidar com as ausências, então eu não quero crescer nunca. Um beijinho muito grande e um abraço que atravessa o Atlântico.

s.ibéria disse...

Okelani, nunca se pede perdão quando as decisões que se tomam são motivadas pelos sonhos.E nós temos o consolo de poder dizer que somos tão manas hoje como eramos há 20 anos atrás e como seguramente seremos daqui a outros 20. Um xin-coração ;-) e um grande Pois é!

Anónimo disse...

Amiga, porque o tema é a distância, e porque a vivo todos os dias também quis expressar a minha opinião sobre o assunto. É certo que pagamos um preço muito alto quando decidimos arriscar, lutar por ideais ou quando apenas decidimos fugir para nos encontrarmos. Uma coisa é certa, a ausência é sempre dolorosa, mas os laços que nos unem a essas pessoas permitem-nos continuar confiantes sabendo que elas vão sempre gostar de nós, nos apoiar e acarinhar. Como sabes há ausências que não são condicionadas pela distância fisica, mas sim pela sentimental e essas por vezes são as mais dolorosas.
Sabemos que apesar da distância estamos todos unidos por um sentimento mais forte que nos faz pensar todos os dias nas pessoas que amamos e tu és uma dessas pessoas. um beijinhos muito grande para todos aqueles que vivem as distâncias