Não me lembro quando foi a primeira vez que ouvi falar da crise humanitária em Darfur. Mas sei que foi há vários anos. Desde esse dia até hoje nada mudou. 400,000 pessoas morreram; mais de 2 milhões foram obrigados a abandonar as suas casas vivendo desde então em campos de refugiados; mais de 3.5 milhões vivem dependentes de ajuda humanitária.
Hoje, no meu passeio blogosférico, o “de rerum natura” voltou a chamar a minha atenção para esta crise dando conta do facto de o governo sudanês rejeitar a intervenção de uma força de paz que inclua forças europeias e americanas que, acusa, pretendem criar um novo Iraque.
Desde 2003 que o governo sudanês, apoiado pelas milícias árabes “junjaweed”, combate dois grupos rebeldes não árabes, o Exército de Libertação do Sudão e o Movimento pela Justiça e Igualdade, que lutam contra a pobreza e marginalização da região. Governo e milícias destruiram aldeias, mataram, roubaram e violaram mulheres e crianças.
Esta é considerada a maior crise humanitária desde o Ruanda, em 1994. E chamam-lhe crise humanitária por falta de coragem para lhe chamar genocídio. Dias após a conclusão do acordo aprovado pelos 27 membros da União Europeia que prevê a criminalização da “negação e a banalização dos crimes de genocídio” justificar-se-ia que ao genocídio arménio pelo império otomano, ao de judeus pela Alemanha nazi e ao dos tutsis no Ruanda, se juntassem as vítimas de Darfur.
No “de rerum natura” existe um “link” para o Youtube com excertos de uma sessão da ONU onde o Sudão e os seus aliados rejeitam os resultados de um relatório sobre Darfur, atacam os seus autores e negam as atrocidades cometidas.
Neste vídeo aparece Hillel Neuer, director executivo da UN Watch, e que fiquei a conhecer há dias atrás a propósito de um outro vídeo. Aí, Neuer confronta o conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas com o seu silêncio, a sua inércia e indiferença perante a tortura, a perseguição e a violência sobre as mulheres. Acusa-o em seguida de ter apenas uma obsessão: a condenação do estado de Israel e assegurar a impunidade do Hamas e do Hezzbolah. A intervenção, de tão crítica que é, revela coragem. Quanto ao presidente do conselho, responde dizendo que pela primeira vez na sessão não irá agradecer uma intervenção por não tolerar o modo como Neuer se refere aos membros do conselho. Curioso é que nessa mesma sessão o Presidente agradeceu todas as intervenções anteriores, desde as que fizeram a apologia do terrorismo até às que insulatram peritos das Nações Unidas ou embaixadores. Pergunto: poderão as vítimas de Darfur depositar expectativas neste conselho para os Direitos Humanos?
Pela minha parte resolvi aceitar o repto lançado na blogosfera publicitando, através da imagem acima, a iniciativa”Dias globais por Darfur”, entre 23 e 30 de Abril. Que a indiferença e a banalização do terror não se apodere de nós.
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1 comentário:
Não tinha ainda tido tempo nem oportunidade para comentar este artigo.
A única coisa que me apetece dizer é que tal como a opinião mundial mais uma vez um assunto sério passou ao lado, ninguém comenta, niguém diz nada. Somos, pura e simplesmente iguais a todos os outros que calam o bico!
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