sexta-feira, 30 de março de 2007

Partir a Louçã

A notícia é de ontem e é mais uma daquelas que se empolou mas não resisto ao comentário. Falo do cartaz do PNR especado ali para os lados da rotunda do Marquês.
É xenófobo? É! É racista? É! Deram-lhe mais importância do que merecia? Deram! Os jornais e as televisões fizeram mais pelo PNR ontem do que o PNR alguma vez fez por si próprio. Saiu-lhe melhor do que a encomenda.
É ilícito? A Procuradoria Geral da República diz que não. Porque haveria de ser? Trata-se de um partido(zinho) político reconhecido por lei a defender algo em que acredita. Aquilo em que acredita é reprovável? Para mim é, mas também o são muitas das ideias defendidas pelo Bloco de Esquerda.
Imaginemos um cenário: daqui a uns anos, no âmbito de um referendo sobre o casamento entre homossexuais, o BE cria um daqueles criativos cartazes que os caracterizam a defender o SIM e coloca-o lá para os lados da rotunda do Marquês. Sururu por causa disso? Não me parece. Alguém duvida que muitos portugueses se sentirão chocados perante tal cenário? Eu não. E sinto-me à vontade para fazer esta comparação porque se esse referendo se chegar a realizar provavelmente votarei sim.
O problema é que Portugal é condescendente com a esquerda permitindo-lhe sair impune qualquer que seja o dislate. Já quem se situa à direita limita-se a eleger ditadores para Grande Português de todos os tempos porque assim se pode escudar atrás de um voto telefónico anónimo.
Esta história avivou na minha memória uma notícia que li não há muito tempo sobre uma bailarina inglesa, Simone Clarke, do English National Ballet, que se veio a saber ser membro do British National Party, em virtude de um jornalista do The Guardian se ter infiltrado neste partido. Daqui até à exigência de afastamento da bailarina foi um passo, já para não falar na tentativa de interrupção de um espectáculo no qual participava. Este episódio é tanto mais invulgar quanto parece ser de bom tom ser artista e ser de esquerda. Será requisito obrigatório? Ou a criatividade está tolhida à direita?
A razão que determinou que eu acabasse por postar sobre este assunto prende-se um pouco com a minha visita hoje pela blogosfera. Um dos blogs que visito com frequência é o
Arrastão, do Daniel Oliveira. Quando abri o blog levo com esta foto de Nicolas Sarkozy. Alguém acredita que é inocente a escolha desta fotografia? Ou sou só eu que vejo maldade na sua associação à saudação nazi? Dirão que a culpa é de quem fez a foto, mas a sua utilização diz muito sobre quem a postou. Mas a esquerda pode. Pode até chamar nazi áquele que muito provavelmente (espero eu) virá a ser o próximo Presidente da República Francesa.
Em jeito de conclusão acho reprováveis as ideias do PNR assim como acho reprovável a dualidade de critérios quando se trata de avaliar as ideias defendidas à esquerda e à direita.

3 comentários:

Anónimo disse...

O Partido Nacional Renovador tem todo o direito de se manifestar, sendo condenáveis as tentativas de destruição do “outdoor”. E nós temos todo o direito de afirmar que esses senhores fascistas do PNR não regulam bem da puta da cabeça. Por uma razão essencial: é que esta campanha contra os imigrantes não faz o mínimo sentido num país de navegadores e com gente espalhada pelo mundo inteiro.

s.ibéria disse...

Estimado Leão, concordo em absoluto consigo. A curiosidade fez-me visitar o seu blog e parece que estamos de acordo que tudo isto foi propaganda que o Sr. Rabbit agradece. Quanto ao seu blog por ele naveguei sentindo-me em casa. É que aqui o sportinguismo salta por todos os poros. Lá vou ter de acrescentar mais um à lista de favoritos. Como sportinguista agradeço o extraordinário trabalho.

Anónimo disse...

Sim, provavelmente por isso e